Sabes quando a manhã começa aparentemente igual a tantas outras, o despertador que toca à mesma hora, os dez minutos que pões a mais para fingir dormir mais pouco, o sol a entrar pela janela da cozinha enquanto o cheiro a café vai impregnando, algum transito a caminho do trabalho…
E então começas a reparar que cada gesto ou ação é novidade, que a repetição é só aparência, que é mesmo um novo dia e as rotinas apenas são ilusão superficial do despertar.
É a partir de dentro que acordamos. Não é o exterior que nos desperta, somos os nossos próprios gestores e decisores do que sentimos dentro.
Pensar é uma forma de traduzir sensações e emoções em ideias e permite-nos a comunicação, nem todos os animais são dotados de pensamento, saber pensar é essencial para ser humano e feliz, mas também para criar felicidade.
Sempre gostei das palavras, talvez por isso tenha começado a falar cedo e também cedo a escrever… Gosto da escrita, das palavras em português, da possibilidade de chegar ao outro através da linguagem.
Claro que há muitas linguagens, a arte disponibiliza-nos uma vasta panóplia de comunicação, e a arte de escrever requer, mais que disciplina, leitura e treino, a ousadia de nos atirarmos em voo confiando que se dissermos as palavras certas vamos conseguir planar e, mais além, comunicar aos outros como se faz.
Cada um de nós tem em si o potencial de ser o que quiser, quem quiser, e se cada um tiver a ousadia de escolher o melhor de si, imagine-se o potencial de transformação da humanidade que teremos pela frente. Estamos interligados uns aos outros, não somos meros indivíduos fechados no ego umbilical. Assim que começamos a respirar, e lembro-vos que costuma ser sonoro esse chorar para a vida, deixamos de estar dependentes do corpo de alguém para sermos nós mesmos (embora por algum tempo a vulnerabilidade e necessidade que nos alimentem, cuidem, vistam, acarinhem). A ligação que mantemos uns com os outros, não física, mas emocional, existencial, espiritual , não é umbilical mas vem de dentro.
Dentro de cada um de nós, além do potencial para sermos o que quisermos, ou quem quisermos, encontramos a consciência universal, o âmago da essência de toda a vida.