novembro 22, 2022

Minhas Ancestrais 🙏🥰

A minha avó materna era e sempre será uma referência para mim.  A minha mãe dizia-me muitas vezes que eu me parecia com ela. Da minha avó sentia sempre uma segurança, tranquilidade, leveza, era de uma sabedoria e alegria com rugas serenas, com traços sorridentes, com uma luminosa e generosa alegria por viver.

Quando partiu eu estava a prepara-me para me ir encontrar com amigos na costa alentejana.... Já não fui, a passagem de ano tinha mais luzes no céu que habitualmente, pq acima do fogo de artifício brilhava uma das estrelas mais luminosas que conheci.
Aceitei que com mais de 90 anos é natural que a morte chegue... Chorei, mas aceitei. 
Percebi o quanto era difícil para a minha mãe a ausência física da sua própria  mãe, a verdade é que a minha avó tinha de facto uma presença leve e forte, não conheci mais ninguém assim. Sempre a vi como uma alma iluminada, era mais avançada que qualquer um de nós, pensava eu...
Só quando perdi a minha própria mãe percebi o quão fisicamente doloroso era a morte de uma mãe, na verdade o falecimento da minha mãe foi prematuro, com 70 anos e uma energia incrível ninguém esperava que partisse, nem ela mesma... Talvez agora lhe dissesse acerca de ter perdido  a sua mãe, compreendo o que estás a sentir... Na altura dizia-lhe muitas vezes para seguir em frente e é o que agora recorrentemente digo a mim mesma....
A minha mãe era a pessoa mais generosa que alguma vez conheci e tinha tanta esperança na vida, a sua ausência física fez-me perceber isso, o que antes para mim era um dado adquirido, agora entendo que era ela que nos transmitia...
A sua imensa força era de um amor autentico, puro, reconciliador, transformador. Era a mais avançada de todas as pessoas que conheci até hoje, nisso de amar desmedidamente. 
Agora ambas estão ausentes neste plano físico, assim como a minha avó paterna...
O amor que sentia da minha mãe ultrapassava tudo o que alguma vez senti de alguém neste campo terreno. Às vezes sentia que além de me amar ,  me admirava profundamente, via em mim forças e qualidades que só agora entendo que me pertenciam... Via também em mim as qualidades dela mesma e daquelas que lhe antecederam e quando temos em nós um legado tão forte a responsabilidade é tremenda mas a força que emanamos e somos é diretamente proporcional.

Na verdade, com a partida da minha mãe, não ganhei nada que já não tivesse... Comecei foi a reparar em coisas a que não dava tanta atenção, percebi melhor o amor do meu pai, por exemplo, também o amor dos meus filhos... 

Mas também percebi o desamor, essa ausência de capacidade afectiva que algumas pessoas demonstraram,  pessoas que considerava pertencerem à minha bagagem de amores verdadeiros e passaram a meramente conhecidos , revelando ausência de consciência, altruísmo, empatia, e desprovidos  de demostração de amizade ...
A minha mãe perdoava tudo, talvez por isso tenha ido para Céu,  já eu não sou tão  benevolente e ainda cá estou, com pés bem acentes na Terra... Tenho o livre arbítrio naquilo que trago da minha linhagem ancestral e há um lado que fui buscar à minha avó paterna que era de uma determinação,  nem sempre muito bem vista ou aceite,  mas  que inevitavelmente me protegerá de todos os menos bem intencionados ou desmorosos  distraídos.